Brasilienses aprovam 1º evento de filmes transcendentais
Brasília, 28/03/2011 – No último dia do I Festival de Cinema Transcendental, o sorriso era presente no rosto das pessoas que compareceram à Sala Martins Pena do Teatro Nacional. Depois da belíssima apresentação de 70 músicos do coral Unicanto que emocionou a plateia, foi a vez de anunciar os vencedores do Trófeu Luz, que premiou os curtas da Mostra Competitiva “Mãos de outubro”, na categoria Melhor Direção, e “Um outro ensaio”, mais votado pelos júris oficial e popular.
Mas a atração principal da noite foi o longa “Ricky”, do diretor François Ozon, que conta a história de um bebê que nasce com asas e veio ao mundo unir a família de Katie, Paco e Lisa. Esse drama com pitadas cômicas, como as cenas em que o “anjo” aprendia a voar, divertiu os espectadores e fechou o Festival com chave de ouro. “Muita gente não dá valor às pessoas diferentes que aparecem em nossas vidas, mas ‘Ricky’ mostra que temos que mudar isso, pois essas pessoas podem ser os anjos que nos protegem”, destaca Fernando Lôbo, da Estação Luz, organizadora do Festival e co-produtora e realizadora dos filmes “Chico Xavier” e “Bezerra de Menezes: o Diário de um Espírito”, respectivamente.
Festival
O I Festival de Cinema Transcendental começou na quinta-feira, 24 de março, com a pré-estreia do filme “As Mães de Chico Xavier”. Cerca de 650 pessoas compareceram à exibição e aplaudiram a história das três mães que encontram conforto para superar a perda de seus filhos nas cartas psicografadas pelo médium. Ao final do filme, muitas pessoas saíram emocionadas.
“As mães de Chico Xavier” levanta o debate de temas fortes que se contrapõem com a leveza e conforto ao mostrar o trabalho e os ensinamentos de Chico Xavier. “O filme toca em temas como aborto, suicídio, drogas. Mas mesmo assim ele termina muito pra cima, as pessoas saem felizes valorizando o agora, as relações que têm com o marido, o namorado, filho, pai. É um filme que dá esse despertar, uma chacoalhada na gente e eu fico muito feliz”, disse Eduardo Girão, produtor do filme. “As mães de Chico Xavier” entra em cartaz na próxima quinta-feira, em 400 salas de cinema de todo o país.
Mostra competitiva abre segundo dia
Já o segundo dia do evento foi marcado pela primeira noite da Mostra Competitiva de Curtas-Metragem. Três curtas abriram a competição. “O jardineiro e o pirata”, de Patrícia Monegatto, fez o público rir com a história de um senhor ficou curado de uma doença, após acreditar que o espírito de um pirata apareceu para salvar sua vida, com a condição de que ele vestisse roupas de pirata e andasse com um papagaio no ombro.
O segundo curta “Crianças não morrem” – Leonardo Delai –, história de uma criança que tenta convencer seu amigo muito doente, por meio de desenhos, que as crianças não morrem. Ao final do filme, todos foram surpreendidos com a animação das ilustrações da garotinha, ao mostrar a morte como o recomeço de uma nova vida.
Por último, os espectadores assistiram a “Mãos de outubro” – documentário sobre a Festa de Círio de Nazaré de outubro de 2010, em Belém do Pará. Por meio de imagens das mãos dos personagens devotos da santa, o filme mostra os bastidores dessa grande festa tradicional que leva uma multidão todos os anos às ruas da capital paraense.
Depois da exibição dos curtas, foi a vez de Sylvio Back, diretor consagrado, subir ao palco e falar sobre a trajetória da produção de seu filme “O Contestado – Restos Mortais”. “Esse filme foi uma tentativa de chegar ao lado invisível da Guerra do Contestado, muito esquecida pela história brasileira. Essa foi uma guerra de fanáticos e depois de quatros anos de estudos, consegui resumir essa grande batalha que ocorreu entre 1912 e 16”, disse o cineasta.
Com o testemunho de trinta médiuns em transe, articulado ao memorial sobrevivente e à polêmica com especialistas, o longa é o resgate mítico da chamada Guerra do Contestado (1912-1916). Por meio de depoimentos de historiadores e pessoas da comunidade, além de imagens de médiuns em transe que supostamente encarnam os personagens que fizeram parte da batalha, o filme prepara o espectador para a complexidade do tema transcendental.
Diretor de Nosso lar prestigia festival
O terceiro dia do Festival contou com a presença do diretor do filme “Nosso Lar”, Wagner de Assis, que autografou o livro “Bastidores de Nosso Lar” e lançou o DVD do filme, que já tem uma estimativa de 6 milhões de espectadores. Durante a evento, ele subiu ao palco para agradecer a receptividade de seu filme junto ao público. “Fico feliz com as surpresas que o Nosso Lar traz. Acredito que ‘As mães de Chico Xavier vai solidificar a temática e anuncio, de antemão, que estamos em processo de produção de um novo filme”, informou Wagner.
Mais dois curtas participaram da Mostra Competitiva. “Um outro ensaio”, de Natara Ney, sobre uma mulher cega que aprende a viver em dupla com seu parceiro. E “O nascimento de Jesus”, animação baseada em desenhos de cordel que fez a plateia rir com a narração da saga de Maria e José até o nascimento de Jesus.
O terceiro dia terminou com a exibição do longa “A árvore”. Com direção de Julie Bertuccelli, o filme mostra as estranhas manifestações que acontecem na vida de uma família numa pequena aldeia na Austrália, logo após a morte do patriarca. As angústias da filha preferida ao pensar que o pai se comunicava com ela por meio de uma enorme árvore prenderam a atenção do público que torcia silenciosamente pelo final feliz dela, sua mãe e seus três irmãos.
Foram quatro dias de muita emoção e surpresas ao público brasiliense. O I Festival entrou para a história como o evento que chegou para valorizar uma temática até então pouco explorada e que vem crescendo cada vez mais. A expectativa agora é que nos próximos anos novas edições sejam realizadas para que o evento entre na agenda cultural do país.
Opinião
“Achei interessante esse filme. Nunca imaginei que poderiam colocar um menino que cria asas de anjos. E o festival teve uma ideia muito boa porque promove bastante a parte transcendental e a divulgação dos filmes espíritas” – Paulo Roberto, administrador.
“Adorei o filme e o festival, principalmente. Mas o que eu achei mais interessante foi a união de todas as religiões” – Valéria Brito, servidora pública.
“O festival foi muito bom. Valeu a pena participar dele. A ideia é boa e precisa repetir” – Elzinha Rocha, aposentada.
“Vim participar do festival porque sabia que os filmes eram bons em si, na qualidade técnica, que é o que mais gostei mesmo. E, falando especialmente sobre ´Ricky’, a parte técnica dele é perfeita. A escolha dos filmes exibidos está de parabéns” – Anangir Peixoto, 21 anos.
“Fiquei muito emocionada com ´Ricky´. Eu, que sou mãe, fiquei bem tocada. A ideia do festival foi de grande valia, pois vieram muitas pessoas que não são espíritas . Foi legal porque foi bem divulgado na mídia, então eu acho que valeu a pena por isso: para trazer outras pessoas a conhecerem o espiritismo.” – Raquel Migon, gerente comercial.
“Eu não estava entendendo o filme, mas a minha tia me explicou que o filho era o anjo que não deixou a mãe se suicidar. Aí eu achei muito legal”, Pedro – 10 anos
“Amei, esse filme é maravilhoso e estou emocionada até agora. Espero que ano que vem tenhamos mais”, Yone Teixeira.
“A ideia do festival foi genial. Nunca imaginei que poderiam ter alguns dias dedicados só a esses filmes transcendentais. O que mais gostei foi ‘A Árvore’. Achei a história muito comovente. Não consegui ver ‘As mães de Chico Xavier’, mas estarei no cinema no dia que estrear com certeza”, Javier Soto, comerciante.
“O resultado do festival foi mais do que positivo, foi acima das expectativas, principalmente a participação do público que encheu a casa quase todos os dias. E isso nos deixa muito felizes e motivados para que possamos dar continuidade a esse projeto e já começarmos a pensar no 2º Festival de Cinema Transcendental” – Fernando Lôbo, representante da Estação Luz.
“Nós ficamos sabendo que recebemos um público de cerca de 2 mil pessoas. Então Foi um saldo muito positivo de participantes e de arrecadação de alimentos, que vão ser doados para famílias carentes. O que a gente fica feliz é com o depoimento das pessoas que se aproximaram e comentaram que gostaram muito do Festival, dos filmes. Então isso nos deixa muito felizes e entusiasmados para uma segunda edição” – Lucas de Pádua, coordenador do Festival.
“O balanço foi extremamente positivo. Na verdade, nós nos surpreendemos com o público. Brasília recebeu este festival de braços abertos. Realmente ele veio para ficar. A gente está muito feliz com a receptividade, com todos os encaminhamentos que foram dados, os desdobramentos desse festival. E na verdade muita coisa ainda vem por aí” – Danielli Parente, organizadora do Festival.